
Desde menino sempre soube poupar.
Aos oito anos de idade abri minha primeira caderneta de poupança.
Foi literalmente isso, eu procurei uma agência do Itaú (na época que ele ainda era preto e branco) próxima de nossa casa. Lá peguei toda a papelada necessária com o funcionário que me atendeu e levei comigo. Meu pai assinou tudo, e com os documentos necessários em mãos consegui abrir a conta e fazer meu primeiro depósito!

Consegui poupar e meses depois comprei um gravador Panasonic, me achava o máximo! Estava decidido que guardaria dinheiro, e que com 18 anos teria a quantia para comprar um MP Lafer…
Não consegui esta façanha, mas a virtude de ser poupador eu nunca perdi. Para vocês terem uma ideia, não gastei todos os dólares que meus pais me deram para meu ano de intercâmbio nos EUA, com o dinheiro que eu trouxe de volta ajudei a pagar pelo meu primeiro carro (um Golzinho branco refrigerado a ar), isso em 1988.
Foi também neste ano que passei no vestibular da FUVEST, direto do terceirão do COC para o primeiro ano de Medicina da USP Ribeirão.

Durante a faculdade foram duas oportunidades para ganhar um dinheirinho, fui bolsista do CNPq de iniciação científica, e principalmente com as famosas “polacas” (plantões clandestinos que acadêmicos antes mesmo de formados faziam; loucura, mas na época até que ainda era aceitável).
Formei-me no final de 1993, para iniciar a residência em Ginecologia e Obstetrícia no início de 1994, no próprio Hospital das Clínicas da USP Ribeirão. Com os ganhos da época de graduação consegui comprar um belo de um “enxoval” para me casar em setembro do mesmo ano. Para deixar bem claro, eu comprei fogão, geladeira, conjunto para sala de jantar, a cama de casal e os criados mudos; além de um rack, televisão colorida de 20 polegadas e videocassete, com tudo pago antes do casamento. Esse detalhe, de poder ter começado já bem calçado me proporcionou condições de apenas me dedicar à Residência Médica. Com o que eu ganhava de bolsa, com aluguel pago pelos meus pais e com o salário da esposa, conseguimos passar, sem eu precisar trabalhar em plantões extras. Fato este que me permitiu aproveitar e aprender muito nos três anos de especialização, o que vejo hoje como uma verdadeira joia para minha vida profissional até os dias de hoje.
A profissão de médico remunera bem, mas não são somente flores.
Iniciei minha vida fora do academicismo em janeiro de 1997 e não sabia lidar muito bem com os ganhos variáveis de um autônomo, e esse foi um fator motivador para eu criar uma reserva de emergência de um mês. Desta forma eu programava nossos gastos com o mês que eu tinha guardado, não ficando muito a mercê de um mês ruim.
Cabe colocar que a profissão de médico, por si só, não garante independência financeira, apesar dos bons ganhos. Não é incomum conhecermos ou ficarmos sabendo de médicos que lutam a vida inteira com as questões econômicas. Como em todas as categorias, também há médicos que patinam uma vida inteira, parecendo não sair do lugar.
Outra decisão inicial, que tomei foi contratar um plano de previdência privada de um bancão. Decisão acertada, nunca mexi no saldo, em 26 anos foram apenas quatro ou cinco parcelas que deixei de depositar, e hoje vejo como um belo pé-de-meia que plantei para o meu futuro.
Os anos seguintes foram de deslumbre total. Comprar o carrão, viajar e gastar. Mas logo o espírito poupador entrou em cena de novo…
Com dois anos estava pronto meu consultório, logo no início de 1999. Havia conseguido um pequeno terreno, de fundo com a Santa Casa onde trabalho, local em que construí minha clínica particular e estou até hoje. Por uma enorme sorte, o que na época da construção era o muro de fundo do hospital, viria a se transformar na frente de um novíssimo Pronto Atendimento. Em outras palavras e para ficar bem claro, hoje basta eu atravessar a rua e em alguns metros estou na Maternidade ou no Centro Cirúrgico.
A sorte converge para quem dá oportunidade a ela!
Na mesma toada, e antes de partirmos para a nossa casa própria, adquiri um terreno há cerca de 150 metros do consultório, onde construí um imóvel comercial em que minha esposa tem sua escola própria de Inglês. Ficou pronta no final de 2000.
Só então, depois de termos priorizado o ganha pão, começamos nossos planos da casa própria. Isso mesmo, eu pensei assim:
É do consultório e da escola que vai sair a casa, e não o contrário!
O projeto e a construção da casa merecem comentários também. Havíamos conseguido dois terrenos alinhados, que faziam frente para duas ruas, uma de frente e outra de fundos, em uma área nobre da cidade, que no total media 16 por 64 metros. A planta da casa estava pronta, com várias suítes, salas e varandas enormes, piscina, suana, etc. Sabe como é, o papel aceita tudo e o arquiteto vai dando as ideias….
Quando estávamos prontos para começar a construção, a senhorinha que morava na casa ao lado do consultório resolveu vender o imóvel, e ainda por cima obrigou o genro corretor a oferecê-la para mim, insistentemente. Era uma casa antiga em um terreno de 11 por 32 metros. Relutei, mas a sorte e o destino me convenceram a comprar, e como não estava precisando, pois já tinha outros planos, acabei por fazer um bom negócio.
Na sequência, e pelo lado racional, optei por me contentar com um terreno menor, conseguimos comprar mais 10 metros no fundo, e hoje temos uma casa confortável, bem menor que a do projeto inicial do terrenão. Em compensação ao lado do consultório e bem perto da escola de minha esposa. Orgulho-me de uma passagem por dentro de casa que sai dentro da clínica!
Depois de tudo isso, onde estão as Finanças Pessoais?

Pois é, terminamos de construir a casa quebrados, devendo na praça e para parentes. Isso foi em 2005, restavam apenas a previdência privada, e muitos compromissos para quitar. E assim termino meu primeiro post, ficando para 2006 o início dos investimentos e de minhas estratégias de finanças pessoais!
Estou empolgado para contar para vocês, e discutirmos muito sobre temas relacionados a vida financeira de um modo real e prático! Tem muitas deixas neste primeiro texto justamente para eu fazer o gancho e esmiuçar mais para frente!
Vem comigo que você vai gostar!
Espero vocês nos próximos capítulos!
Muito legal relembrar suas passagens Randal! Acompanhei, à distância, e acabei sendo testemunha de cada passo! Não há conquista sem sacrifício, nem vitória sem luta! Aprender a sofrer fortalece àqueles que têm resignação! Parabéns